sexta-feira, maio 13, 2011

Valéria e o fantasma da AIDS

"... E foi aí que eu percebi o quão pequenos nós somos. In-sig-ni-fi-can-tes! Comecei a rir. Ri de todos os meus problemas. Ri de todos os meus medos. Ri dos meus sonhos e dos sonhos de todo mundo. Ri de mim mesma. E ri de toda a humanidade. E continuei a rir. Ri tanto que joguei a cabeça para trás e, sem pensar, dei de cara com o céu e começei a imaginar Deus sentado lá em cima olhando para baixo. O que é que ele veria de tão alto? Ele não veria nada. Não enxergaria ninguém. Quase chorei."

Viagem

O livro autobiográfico "Depois Daquela Viagem" relata de forma simples e direta a trajetória da escritora, Valéria Polizzi, que contraiu o vírus da AIDS quando tinha apenas quinze anos. Como qualquer adolescente nessa situação, ela se desesperou e escondeu a doença dos amigos. Comparando a situação como uma "bomba-relógio prestes a explodir", Valéria vai estudar inglês nos Estados Unidos, onde acaba vendo o outro lado da doença e consegue se recompor e descobrir um novo sentido para a sua vida.
Praticamente toda a história relata a convivência da autora com o temido fantasma da AIDS, que, descoberto nos anos 80, ainda provoca muita dúvida e intriga. Porém, é impossível falar da doença sem falar do preconceito, o qual Valéria tinha que conviver quase que diariamente. A obra também explora outros temas como a sexualidade (em que  a autora conta suas frustrantes experiências sexuais com um ex-namorado que a agredia e, com isso, acaba falando muito sobre a prática do sexo seguro) e a amizade (quando ela expõe suas dúvidas sobre revelar ou não a verdade aos seus amigos).
Valéria contraiu o vírus nos anos 80, quando recém se havia descoberto a doença e as pesquisas ainda estavam dando seus primeiros passos. A ignorância da época em relação à doença dificultava a vida da menina, já que pessoas que tinham AIDS eram excluídas da sociedade, sendo vistas como promíscuas, drogadas ou homossexuais. Nos dias de hoje, a situação é bem diferente: embora ainda haja muito preconceito, o número de contágios diminuiu drasticamente, contrariando as expectativas de anos anteriores, e, mesmo não havendo cura, alguns remédios têm se mostrado muito eficazes.
Com uma linguagem muito leve, íntima e de fácil compreensão, o livro aborda um tema sério e delicado sem tabus nem escrúpulos, sendo altamente indicado tanto para jovens quanto para profissionais relacionados (ou não) ao combate à tão temida AIDS, em que, no livro, quase é possível sentir a complexidade da situação em sua própria pele.


Escrito por Luísa Cruz, Alexandra Furtado, Vitória de Paula, Victoria Lemos e Mariana Amaral

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